2014-01-07

Viagra: Serendipidade e fim da Patente


Provavelmente, há poucos medicamentos mais conhecidos do que o Viagra. A Aspirina sê-lo-á, mas pouco mais. 
Provavelmente, há poucos medicamentos que tenham originado tantas histórias, anedotas e mitos como o Viagra. Sem grande esforço, lembro-me rapidamente de algumas dessas histórias.  
Este medicamento teve e tem um impacto grande na vida de muita gente!

Agora, a sua proteção termina com o fim da exclusividade da patente do Viagra em Portugal, como noticiam jornais como o iOnline, o Diario Digital, o Noticias ao Minuto ou a revista Sábado

Neste medicamento da Pfizer podemos analisar dois aspetos relevantes no mundo da Inovação: i. as patentes e ii. a serendipidade.

i. As patentes: a importância e a finalidade das patentes são alvo de discussões sem fim sobre as suas virtudes e defeitos, sobre se são essencialmente positivas ou negativas. O facto é que existem e são um aspeto preponderante a ter em consideração na área dos medicamentos (e não só). Sem fazer qualquer juízo de valor sobre este assunto, verifica-se que, segundo o Infarmed, existem já 45 medicamentos genéricos de substância activa Sildenafil com autorização de introdução no mercado. Tem que ser um mercado aliciante e esteve protegido por um longo período. Assim, e independentemente da posição de cada um de nós sobre as patentes, este é um factor relevante a ter em consideração sempre que se pensa em Inovação. Há outros casos bem conhecidos e mediáticos relacionados com patentes, que nos ajudam a refletir sobre o tema, como podemos ver em:
ii. a serendipidade está relacionada com a descoberta por acaso. Claro que uma base forte de conhecimento da área em que se está a atuar, favorece a identificação do acaso como algo a captar e a aproveitar, mesmo que para fins diferentes dos inicialmente previstos. Há mérito nisto. Como dizia Louis Pasteur "o acaso só favorece a mente preparada". O Viagra é um exemplo excelente deste conceito. A Investigação inicial incidia sobre questões cardíacas, nomeadamente com a angina (dor no peito), mas os investigadores tiveram o mérito e a competência de identificar efeitos secundários numa imensa maioria de utilizadores, relacionados com o seu desempenho sexual, e alteraram o rumo da sua investigação, ou da utilização do produto obtido, tornando-se um dos mais conhecidos e consumidos medicamentos do mundo. 
Apesar do fim da proteção ao Viagra, e do aumento da concorrência de forma intensa, a Pfizer deverá continuar a ganhar muito com este medicamento, durante longos e bons anos. E 50% da população mundial está no clube dos potenciais utilizadores!

Sem dúvida que Inovar Faz Bem!