Esta pergunta devia ser feita de forma frequente para relembrar com frequência o que é realmente importante nas organizações.
Concordando com alguns pensadores de referência, é minha convicção que o bem mais precioso de uma empresa são as suas pessoas. Acredito que, se fosse feito um questionário à gestão de topo das empresas e à gestão intermédia, houvesse muitas respostas neste sentido. Provavelmente haveria ainda algumas que diriam que o bem mais precioso é a marca, o equipamento, o know-how, a frota, o restaurante, as instalações ou outras. Acredito ainda que algumas das que responderam que são as pessoas, têm de facto esta convicção, mas não conseguem pôr em prática as suas intenções.
É certo que tendemos a cuidar bem dos aspetos a que damos maior importância. É importante que se cuide das pessoas que nos rodeiam, das pessoas que nos acompanham no crescimento e/ou sustentabilidade da nossa empresa, do nosso projeto. Nem sempre é fácil fazê-lo. Há, no entanto, passos que são essenciais: um dos mais importantes, é conhecer as pessoas que estão ao nosso lado. As pessoas são diferentes, têm passados e contextos diferentes e, todos esses fatores, influenciam significativamente a atitude, a motivação e o comportamento das pessoas. No entanto, mesmo não sendo fácil, é importante conhecermos quem está ao nosso lado, os seus valores, crenças, motivações, virtudes e fraquezas. Para isso, há alguns modelos que nos permitem aprofundar este conhecimento.
Modelos de perfis:
Um modelo que , pela sua simplicidade pode ser utilizado informalmente, mas permite identificar um conjunto de colaboradores, é o apresentado por Ferran Soriano, no seu livro o futebol e a gestão. Apresenta três tipos de perfis que conseguimos associar facilmente à maioria das pessoas: o Dr. Nono, o visionário e o carregador de piano.O visionário: este perfil corresponde a quem está sempre com ideias, sempre a sonhar o novo futuro, o novo processo, o novo grande bestseller que vai aparecer nos produtos do nosso catálogo. Tem imensas ideias, formas diferentes de ver os mesmos assuntos e vê facilidades e sucesso em tudo o que está à sua volta. É importante ter este tipo de pessoas, pois fazem progredir, evoluir, mudar. E se não mudarmos internamente, o contexto obrigar-nos-á a mudar ou definharemos até um estado vegetativo. Tem tendência a iniciar projetos e a não os finalizar, pois o novo é o que realmente o atrai.
O dr. Nono: é a pessoa que está sempre de pé atrás. Faz o papel de advogado do diabo e está sempre a identificar os riscos e os motivos porque não se deve implementar um novo projeto, ideia ou conceito. Tudo são dificuldades e obstáculos a mudanças. Está mais focado nas dificuldades e nos riscos associados. Tem capacidade para se focar em tudo o que pode correr mal. Pode ser considerado o pináculo do mas... É muito bonito, mas... É interessante, mas... É um complemento importante do visionário e para o equilíbrio da organização, um trabalho conjunto e compreensivo entre os dois, é uma mais valia, pois permite colocar novos projetos ou conceitos em prática, assegurando uma adequada análise do risco e tendo uma postura preventiva, relativamente aos aspetos mais críticos.
O carregador de pianos: é um fazedor! Está completamente orientado para a ação e, tipicamente, faz duas vezes antes de pensar. Este é o típico colaborador que, antes de identificar todos os riscos e todo o potencial existente, já está a pôr em prática aquilo que o visionário pensou e a analisar como ultrapassar os riscos identificados. Tem uma enorme capacidade para agir e fazer, e procura não estar demasiado envolvido em teorias. Adquire o conhecimento pondo em prática situações que nem sempre domina completamente, no entanto, este foco na ação permite-lhe ter conhecimentos profundos essencialmente empíricos, sobre os projetos a que se dedica. O carregador de pianos é fundamental para executar as ideias e sonhos do visionário. Um visionário sem capacidade de execução, ou sem um carregador de pianos à sua volta, é apenas um sonhador. A maioria das vezes, fica na sombra e não se dá pela sua atuação. Até que, por qualquer motivo, sai. Só aí se nota a sua influência.
Utilizando esta abordagem simples, conseguimos ter uma primeira abordagem ao conhecimento dos perfis das pessoas das organizações, e será uma primeira etapa no caminho do conhecimento das pessoas de cada organização.
Eneagrama
Outro modelo que tenho aprofundado e estudado com regularidade, o qual considero muito útil para utilizar em meio empresarial, é o Eneagrama. Diz que as pessoas podem ter um de nove perfis. É um conhecimento milenar que foi passado oralmente durante séculos. Simples, numa primeira análise, mas com complexidade suficiente para ser objeto de estudo para a vida. Permite aprofundar o auto-conhecimento e o conhecimento de quem nos rodeia e permite melhorias na relação connosco e na relação com os outros. Este conhecimento, promove ter a consciência sobre as motivações e formas de proceder de cada um de nós e de quem está à nossa volta. Permite otimizar equipas e até, ser utilizado em recrutamentos para encontrar o perfil adequado para as funções pretendidas.
Respeito
Independentemente do modelo, é importante conhecer bem as pessoas que nos rodeiam. Essa pode ser a diferença para, em momentos de crise, ter as nossas pessoas à nossa volta, ou sermos surpreendidos por vermos que o desalinhamento existe e é transversal. Se as pessoas são o bem mais precioso de uma empresa, há que começar por conhecê-las bem e cuidar delas. Se não o são, conheça-as na mesma e cuide igualmente delas.
Respeite as suas pessoas e trate bem delas. Dificilmente poderá contar com as pessoas em tempos de vacas magras, se em tempos de vacas gordas as desprezou, as desrespeitou e se se aproveitou delas.
Provavelmente aumentará a sua probabilidade de sucesso.
Respeite as suas pessoas e trate bem delas. Dificilmente poderá contar com as pessoas em tempos de vacas magras, se em tempos de vacas gordas as desprezou, as desrespeitou e se se aproveitou delas.
Provavelmente aumentará a sua probabilidade de sucesso.