2016-11-13

Visitas a lugares especiais * CEARTE



"Quem ouve esquece, quem ouve e vê recorda, quem ouve, vê e faz aprende."
Provérbio Chinês

Há lugares especiais que são discretos e que apenas a quem tem vontade de conhecer mais, lhe são apresentados como parte de um mundo diferente. O CEARTE é um desses lugares. É património, não quando falamos de alvenaria e estrutura de betão, mas quando falamos de histórias do passado e do futuro e tem pessoas que acreditam que podem fazer algo para tornar o mundo melhor. Tem esperança. E partilha-a. Tem impacto no mundo de muitas pessoas que, sem este monumento intangível, dificilmente teriam encontrado o seu propósito, a sua missão de vida.

Quando algo nos fascina, devemos procurar o porquê…

E no meu caso, o porquê surgiu quando tive a oportunidade de ver várias pessoas a trabalhar afincadamente em ofícios diferentes, alguns mais tradicionais, outros associados a ofícios mais inovadores, mais recentes, de uma forma empenhada e num estado de fluxo (flow) impressionante.

Num evento para o qual fui convidado para uma talk sobre competências, ouvi alguns oradores partilhar as suas experiências enquanto enquanto alunos de escolas ou centros de formação como o CEARTE. E percebi que estes centros são mágicos, pois sem percebermos o processo, percebemos que entram pessoas com poucas competências em determinadas áreas e que, quando saem, conseguem fazer obras de arte. Ou estão preparadas tecnicamente para as fazer, se tiverem a determinação, a criatividade e a resiliência necessárias. Fiquei com uma enorme vontade de conhecer o processo, para desmistificar essa questão da magia. O processo é relevante. Tive a oportunidade de falar com o João Amaral, que ouço defender o CEARTE praticamente desde que nos conhecemos (e já passaram uns anos) e foi com muita alegria que senti a vontade do João de partilhar e de mostrar o processo de magia pura (para mim, pelo menos). O João tem também a sua quota de responsabilidade pelo respeito que tenho pelos artesão e pelo seu trabalho e conseguiu, de forma clara, mostrar exemplos de como um artesão pode ser inovador e ganha muito em ser altamente criativo.

Depois do agendamento de um dia adequado para todos, partimos para a acção. Já me deixei de dizer que um dia gostava de visitar isto ou aquilo. Se o assunto vem à baila, é marcar e partir para a acção. Desta forma, a visita deu-se numa sexta-feira, em agosto, já com algumas pessoas de férias e com pouca formação a decorrer nas instalações. Mesmo assim, tive a oportunidade de conversar com algumas pessoas, desde a recepcionista ao director geral do CEARTE, passando por alguns formadores (um dos quais, ligado à área têxtil, em plena actividade formativa) e, em todas essas pessoas que contactei, senti uma paixão pelo trabalho que têm a oportunidade de realizar. Essa paixão sente-se igualmente nos trabalhos que estão, orgulhosamente, expostos ao longo de todo o edifício. Desde trabalhos na área têxtil, em que concorrem com os estilistas mais famosos da nossa praça, até jóias feitas em diferentes materiais, tendo como fio condutor o facto de serem produtos de artesanato.

Começamos a visita no Centro de Recursos em Conhecimento para o Artesanato (CRC) e foi difícil sair da sala, pois havia tanto para saber e para explorar que a conversa desenrolou-se com uma fluência espantosa. Falou-se de todo o conhecimento passível de se obter pelos livros, até aos vídeos e exploração virtual, há imensas formas de obter conhecimento. Podemos ver a sua variedade aqui: Centro de Recursos em Conhecimento

Um dos temas que mais me fascinou, foi a ligação do CEARTE, através deste CRC, a entidades ligadas a pesquisa de tendências, proporcionando assim, a quem estiver interessado, uma viagem ao que poderá acontecer no futuro, para que seja possível estar na vanguarda e criar produtos em linha com as tendências globais futuras.



Passar pelas salas de formação, que são autênticos laboratórios de fazer e desfazer para bem aprender, foi fascinante. Já passei por muitas indústrias e vi processos industriais impressionantes. Aqui, conseguimos perceber onde tudo começa. É ver um processo industrial simplificado e conhecer as bases para que haja o conhecimento necessário para perceber, controlar e inovar os processos industriais. Podemos falar da área da cerâmica, ou do vidro… Ou, ver as funcionárias de uma empresa têxtil a ter formação “in loco”… uma formação muito experimental, em que se aprende fazendo e em que a formadora vai explicando numa banca de trabalho como se faz, e dando dicas para o progresso de cada um. Ver o local de aprendizagem das artes gráficas e visuais… Ver um estúdio fotográfico com condições fantásticas para a aprendizagem e prática da fotografia! E ver a paixão e empenho dos formadores que tive o prazer de encontrar, a forma como falavam da sua área e a forma como explicavam os diferentes processos em que estão envolvidos... Inestimável!!

Muito mais poderíamos falar desta grandiosa instituição, que permite que muitas pessoas tenham uma vida digna pelos ofícios e competências que adquirem. Todos podemos estar esperançados num futuro melhor com o trabalho desta instituição e, para quem não tem esperança no futuro, talvez fosse um bom passo, visitar o CEARTE e ver que oportunidades existem para si ou para pessoas próximas que possam beneficiar.

Eu, saí com mais esperança no futuro e crente que as novas gerações, ao contrário do que se ouve muitas vezes, não são perdidas. São diferentes, com novos desafios e que nos colocam novos desafios. Há vários caminhos para defrontar os novos desafios que aparecem na vida… Este é um caminho… dos bons!

Muito obrigado CEARTE… 
Muito obrigado João Amaral… 
Até breve… 
Até sempre!

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