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A lavagem das mãos – A aventura do médico Ignaz Semmelweis
Houve um médico que descobriu a importância de lavar as mãos e foi altamente criticado por isso.
Ignaz Semmelweis, médico húngaro, descobriu que lavar as mãos podia reduzir significativamente as infeções das grávidas, com base numa experiência para comprovar esta sua hipótese feita na enfermaria da maternidade, num hospital de Viena, em 1847.Semmelweis mostrou que lavar as mãos é uma prática que previne a disseminação de doenças. Os médicos da altura tinham poucas preocupações em lavar as mãos.
Os médicos saiam das autópsias e trabalhos com cadáveres e iam para a maternidade sem lavar as mãos, transportando consigo os micróbios e vírus diversos, causadores de infeções e outras doenças.
Nessa época, este procedimento básico foi visto como imensamente negativo. Houve um processo de negação relativo à lavagem das mãos.
Põe-se a possibilidade de os próprios médicos boicotarem este processo, pois não consideravam e não aceitavam a hipótese de eles serem a causa de tantas mortes de grávidas.
Numa enfermaria em que trabalhavam médicos e estudantes de medicina, a taxa de mortalidade das mães recentes era de 13% a 18%, devido a uma doença conhecida como febre puérpera ou pós-parto. Numa enfermaria com parteiras, a taxa era de 2%. Não havia explicação lógica para tal.
Os estudos
Semmelweis fez um trabalho exaustivo de investigação, em que vários fatores foram analisados, sendo a única diferença detetada as parteiras.Após estudar atentamente os dados disponíveis e de analisar algumas situações concretas, como a morte de um médico depois de se ter cortado com um bisturi utilizado numa autópsia, com sintomas semelhantes aos das mães, foi-se apercebendo que as mãos estavam em contacto com focos de bactérias e depois iam tratar de doentes, levando essas bactérias consigo.
É importante saber que o conhecimento sobre as bactérias era bastante incipiente, não se associando a agentes patogénicos. No entanto, foi ficando claro para o Dr. Semmelweis que os médicos estavam a espalhar as partículas contaminantes pelos sítios por onde passavam. Começou a pedir que quem fosse examinar mulheres acabadas de dar à luz, lavasse as mãos antes de começar o seu processo.
Os resultados foram excelentes e em poucos meses, a taxa de mortalidade baixou para os 2%, valores iguais aos da enfermaria das parteiras.
Teorias defendidas pelos cientistas da época, associada à aversão dos médicos para assumir responsabilidade por tantas mortes, acrescentando a diferença com a enfermaria das parteiras, levaram a que as ideias de Semmerweils fossem rejeitadas, apesar de seguidas e defendidas por um ou outro médico.
Os últimos anos
Em 1849 abandonou o Hospital, depois de os seus superiores ridicularizarem as suas ideias, ignorando os seus estudos e as suas conclusões.Em 1865 sofreu um esgotamento e foi internado num manicómio. Existem algumas teorias sobre o que aconteceu nos últimos anos da sua vida, apesar de se pensar que acabou por ser votado ao ostracismo pelos seus colegas, devido às ideias que defendia.
Finalmente
Muitos anos depois, e com os avanços da esterilização e do conhecimento sobre doenças, estes estudos foram aceites e a lavagem das mãos tem sido prática importante na saúde e na prevenção hospitalar.Uma inovação low-tech que foi aceite muitos anos depois das teorias de Semmerweils terem sido apresentadas e rejeitadas por muitos dos seus pares.
A inovação nem sempre é imediata.
Referencias
Baseado em:
https://www.natgeo.pt/historia/2020/03/lavagem-das-maos-foi-em-tempos-uma-pratica-medica-controversa