2025-06-24

Liderança Tranquila: Carlo Ancelotti



No mundo empresarial, onde a agilidade, a pressão por resultados e a constante adaptação ao mercado são a norma, a liderança tranquila pode ser facilmente mal interpretada. Para muitos, pode parecer branda ou até mesmo fraca, sobretudo quando comparada a estilos mais intensos e frenéticos. No entanto, como defende Carlo Ancelotti, um dos líderes mais bem-sucedidos do futebol europeu, a tranquilidade na liderança não é sinal de fraqueza — é uma força.

Nas organizações, líderes tranquilos distinguem-se pela sua capacidade de manter o controlo emocional, mesmo em momentos de elevada tensão. Esta postura serena transmite confiança às equipas, reduz o ruído emocional nas decisões e ajuda a manter o foco no que realmente importa. Em vez de reagir impulsivamente, estes líderes ouvem, ponderam e tomam decisões com base em informação e análise. Esta abordagem estratégica e reflexiva é essencial em ambientes complexos, onde as decisões erradas podem ter impacto financeiro e humano significativo.

Além disso, a liderança tranquila promove relações profissionais mais saudáveis. A empatia, a escuta ativa e a capacidade de gerir conflitos com equilíbrio fortalecem a coesão das equipas e melhoram o clima organizacional. Em tempos em que o bem-estar dos colaboradores é um fator competitivo, a tranquilidade torna-se uma competência de liderança crítica. A consistência de comportamento, por sua vez, reforça a previsibilidade e a confiança, elementos fundamentais para sustentar equipas autónomas e alinhadas com a visão da empresa.

Por outro lado, estilos de liderança mais frenéticos caracterizam-se por uma energia constante, decisões rápidas e uma pressão constante, orientada para os resultados imediatos. Estes líderes são movidos por metas ambiciosas e imprimem um ritmo acelerado à organização. Em contextos de crise ou de inovação disruptiva, esse tipo de liderança pode ser particularmente eficaz, mobilizando equipas para ações rápidas e mudanças profundas. Contudo, o custo emocional e a instabilidade que frequentemente acompanham este estilo podem levar à exaustão das equipas e a erros estratégicos por falta de reflexão.

A comparação entre os dois estilos não se trata de definir qual é o melhor, mas sim de compreender os seus impactos no médio e longo prazo. A liderança tranquila cria as condições para um crescimento sustentado, com foco na qualidade das decisões, na solidez das relações e na estabilidade emocional das equipas. Já a liderança frenética pode gerar resultados rápidos, mas exige cuidado e uma gestão criteriosa dos seus efeitos colaterais.

A mensagem de Ancelotti serve, assim, como um alerta e uma inspiração para o mundo empresarial: liderar com tranquilidade não é abdicar da ambição, da exigência ou da autoridade — é exercer tudo isso com maturidade, clareza e propósito. A tranquilidade, quando é autêntica, é uma força silenciosa que sustenta as grandes lideranças.