2025-11-07

Caso de Estudo: O impacto do Design Thinking numa empresa a dar os primeiros passos na inovação

 


A dúvida:

Nem todas as jornadas de inovação começam com confiança plena — algumas começam com curiosidade, dúvidas e vontade de aprender. Este é o caso de uma empresa portuguesa que, ao descobrir a metodologia Design Thinking, decidiu explorar como esta poderia ajudar a desenvolver novas soluções e uma cultura mais criativa.

A organização possui infraestruturas e equipamentos fortemente orientados para a produção, o que tem limitado as atividades de experimentação e inovação. Ainda assim, deu o primeiro passo ao envolver colaboradores da produção e do gabinete técnico numa formação introdutória sobre Design Thinking.

O processo iniciou-se com entusiasmo moderado, mas também com algum ceticismo. A perceção de que o Design Thinking requer tempo e dedicação acabou por arrefecer o ímpeto inicial. A empresa enfrenta desafios internos: grande carga de trabalho operacional, pouco espaço para “inventar” e um ânimo organizacional fragilizado, onde se percebem sinais de desmotivação e fraco sentido de pertença.

Durante a formação, alguns colaboradores mostraram interesse e curiosidade, valorizando a oportunidade de contribuir com ideias reais. Outros, porém, participaram de forma menos envolvida. Apesar das limitações, a empresa conseguiu compreender o conceito e as potencialidades da metodologia, embora subsistisse o sentimento de que a sua aplicação prática seria difícil.

O Caminho a Seguir

O caso mostra que mudar a cultura de uma organização é possível, mas requer tempo, consistência e envolvimento. Para que o Design Thinking produza resultados positivos, será necessário um trabalho de fundo, centrado em:
  • Promover uma mudança cultural que valorize a curiosidade e a experimentação;
  • Estimular a vontade de resolver problemas e compreender as causas de insatisfação;
  • Reforçar o sentimento de pertença e o compromisso coletivo;
  • Introduzir ferramentas simples de criatividade e inovação, que permitam obter vitórias de curto prazo e criar confiança no processo;
  • Definir e implementar processos estruturados em vários setores da empresa.
Num momento posterior, será possível iniciar projetos-piloto de Design Thinking, aplicados a desafios concretos, para que as equipas possam compreender, dominar e sentir os benefícios desta abordagem. Trata-se de um trabalho longo e gradual, que precisa de maturar práticas e garantir o bem-estar das pessoas, criando as condições certas para que surja a vontade genuína de fazer mais e melhor.

Reflexões Estratégicas

O Design Thinking não é uma fórmula mágica — é uma metodologia que se desenvolve em ambientes abertos ao erro, à colaboração e à escuta ativa.
Há um conjunto de fatores que favorecem o sucesso:
  • Cultura de inovação e aprendizagem contínua;
  • Liderança comprometida e protetora das equipas;
  • Estruturas flexíveis e multidisciplinares;
  • Foco genuíno no utilizador.

Barreiras comuns:

Há um conjunto de barreiras, mais ou menos conscientes, que travam o processo:
  • Mentalidade de eficiência extrema;
  • Medo do erro e ambientes punitivos;
  • Falta de tempo para reflexão e experimentação;
  • Isolamento entre áreas e ausência de colaboração.
Preparar o Terreno para o Design Thinking

Para empresas como esta, a adoção do Design Thinking deve começar com pequenos passos estratégicos:
  • Formação e sensibilização, com workshops e estudos de caso inspiradores;
  • Projetos-piloto simples, com desafios concretos e resultados visíveis;
  • Liderança transformacional, que inspire e dê o exemplo;
  • Ambientes seguros, onde o erro é entendido como parte natural do processo;
  • Integração entre áreas, criando equipas multidisciplinares com autonomia para explorar soluções.

Conclusão

O Design Thinking é uma ferramenta poderosa de inovação, mas a sua eficácia depende do contexto organizacional. Empresas como a Airbnb ou a IDEO demonstram que, quando há vontade, colaboração e abertura à experimentação, é possível transformar profundamente a experiência do cliente.

Contudo, em organizações ainda muito centradas na eficiência e no controlo, o desafio passa primeiro por cultivar uma mentalidade adequada. O foco deverá estar em criar espaço para ouvir, testar e aprender.

Mais do que uma metodologia, o Design Thinking é uma mudança de cultura — um convite à empatia, à criatividade e à colaboração. Quando enraizado, torna-se parte do DNA da empresa e da forma como ela imagina e constrói o seu futuro.

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