A crise
As crises são sempre complicadas. São momentos que comportam
dificuldades, exigem sacrifícios e capacidade de resistência. O engenho e arte,
com uma pontinha de sorte também podem ser importantes. Agora, imaginemos um
cenário de crise de fim de guerra. Provavelmente seria mais complicado. Mesmo
assim, há quem consiga ultrapassar as crises. Sem ser, necessariamente, um extra-terrestre.
Um vendedor em dificuldades
Esta é a história de Komashio, um vendedor japonês
que, no final da 2.ª guerra mundial, se propôs vender produtos eletrónicos
japoneses na Europa. A conjuntura não era favorável, pois a perceção que
existia sobre os produtos japoneses na área da eletrónica era má. A função de
vendedor não era bem vista. A insistência dos vendedores fazia com que tivessem
uma imagem negativa. Para acrescentar dificuldades, o Japão era, ao lado da Alemanha
e da Itália, considerado um dos responsáveis pelo sofrimento e privações
existentes na época. Mas se a Europa estava mal, o Japão estava completamente
destroçado. Assim, Komashio andava de porta em porta a tentar mostrar as
virtudes dos seus produtos. Reza a história que em Hamburgo, numa loja de
pianos, depois de o proprietário lhe ter dito que a sua loja só vendia produtos
de qualidade e blá, blá, blá… que Komashio lhe propôs pagar para poder ter os
seus rádios expostos. O proprietário, deixou de ver qualquer motivo para não
expor os produtos na sua loja. Komashio sabia que se não vendesse aqui
produtos, teria que voltar ao seu país com a missão fracassada e com a honra
posta em causa. Komashio observou os transeuntes e verificou que os seus
aparelhos não captavam a atenção. Mas era natural. Ninguém conhecia aquela
marca e os rádios eram banais.
Arte e engenho
Pensou demoradamente sobre a forma como poderia dar a volta
à situação. O dinheiro que tinha, não dava para mandar cantar um cego, portanto
propaganda ou material de comunicação estavam fora de questão. Foi então que
avistou um grupo de estudantes que vinha em grande alarido pela rua. Se a
necessidade faz o engenho, este vendedor teve uma ideia engenhosa: resolveu
fazer uma demonstração dos seus aparelhos a esta trupe. Depois de expor as
virtudes dos seus rádios e da sua potência, perguntou-lhes se os aparelhos os
tinham agradado. Houve uns quantos que responderam que sim. Questionou se estariam
dispostos a promovê-los em troca de uma compensação, ao que responderam
afirmativamente, como seria de esperar. Já se sabe que a maioria dos estudantes
tem dificuldades financeiras pelo que um reforço na mesada é sempre bem-vindo,
seja depois da grande guerra, nos anos 80 ou atualmente. Komashio pediu-lhes que,
à vez, fossem à loja de pianos e pedissem para experimentar os rádios. Deviam
experimentá-los, tecer elogios à sua portabilidade e qualidade do som e
comprar. Depois deveria entrega-los a Komashio.
Sucesso
Claro que a atitude do proprietário da loja, quando
recebeu de novo Komashio, foi radicalmente diferente. Encomendou mais rádios pois
estava satisfeito com a recetividade aos aparelhos. Este método foi utilizado
para entrar em várias cidades da Alemanha e vários países da Europa. Hoje, esta
empresa é conhecida mundialmente e chama-se Sony.Outras histórias:
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