2012-05-10

Vazio de Ideias ou a síndrome de John Lennon da Silva

Abaixo, os meus apontamentos saídos no Diário de Aveiro, suplemento de economia de 8 de Maio:

Vazio de Ideias ou a síndrome de John Lennon da Silva


“Se quiser mudar tudo, basta mudar a sua atitude.”
H. Jackson Brown


HÁ UNS DIAS, vi um vídeo do equivalente brasileiro “Achas que sabes dançar?” que me provocou reflexão intensa. Começou com a apresentação do candidato ao júri, constituído por gente famosa. O desdém esteve presente desde o início. O nome foi o 1.o rótulo para o potencial ídolo. John Lennon da Silva? “Onde é que já ouvi esse nome?” “Famoso, hein?”. Para ajudar, o guarda-roupa usado pelo John Lennon (JL) para a interpretação artística de um bailado como “A morte do Cisne” não incluía sapatos de ballet. O júri acaba por lhe explicar, paternalmente, o que é a peça, quem e como interpreta. JL, humilde, faz a sua interpretação da peça e emociona o júri! Chega ao ponto de provocar o choro num dos duros júris! Neste caso, o potencial artista foi visto, porque é obrigação do júri. Caso contrário, acredito que nem tivesse oportunidade para apresentar a sua interpretação da peça. Este é um dos motivos porque é importante um sistema de gestão de ideias e oportunidades. Para nos obrigar a ouvir…! A escutar! Assim, o que pode parecer uma ideia descabida numa primeira análise, pode revelar-se uma ideia meritória. Podemos evoluir de: Não há ideias nesta desgraçada empresa! para “Tantas ideias! Tantos projetos! E agora?” Por vezes há quem se questione sobre a existência de ideias na organização. Se há um vazio de ideias na organização, é porque a organização não está disponível para as ouvir. A falta de ideias na organização é um sintoma de uma organização com problemas. Como dizia o poeta, “todo o mundo é composto de mudança”. As organizações também. Exceções? Não conheço exceções cujo destino tenha sido positivo. Mas aceito de bom grado exemplos que me contrariem.
Elas andam por aí
Existem ideias a pulular por todo o lado. Quantas vezes pensamos: “se fosse eu que mandasse…”. “O que é que farias se mandasses? Sim, tu! Diz-me o que farias se mandasses! Estou mesmo interessado!” Muitas vezes esta postura está no âmbito do imaginário. A resposta é um grunhido tipo “idiota”. Quando não surge um audível “Eis o Miguel Ângelo da Inovação”. Claro que é uma sorte quando não aparece alguém a gritar“quem foi o idiota? Onde está o Steve Jobs da Baixa da Banheira?”. Alguns, ficam caladinhos no seu canto. Outros, sorriem sarcasticamente. Uns quantos,
ficam tristes e solidários. O dono da ideia espera que ninguém se aperceba que foi ele que sugeriu aquela solução. Criou-se aqui um fosso comunicacional em que a vontade de partilhar ideias com
quem quer que seja vai por água abaixo. Mesmo os que teriam soluções para sugerir ficam sossegadinhos, com a sua análise muito própria ao sucedido, mas com uma vontade imensa de não ser apanhado naquela situação. “Ser humilhado assim? Nah! Não me apanham nesta situação!” Mesmo que tivesse a ideia do século duvido que, depois da situação descrita, a partilhasse. Já imaginaram se, quando alguém deu a ideia para deixar de ter embalagens de papelão nos pneus alguém dissesse “Oh! Houve algum idiota que teve uma ideia dessas?” Provavelmente, ainda hoje se venderiam pneus em embalagens de papel.
Ouvir… OUVIR!
Há vários fatores que são necessários para que as ideias surjam. Um dos fatores importantes é a disponibilidade para ouvir ideias sem preconceitos. Voltando a quem não encontra ideias na sua
organização, diria apenas para ouvir. Não é fácil, mas ouçamos atentamente o que Hemingway dizia: “Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente. A maioria das pessoas
jamais ouve.”
Ouviram? Agora, vejamos se conseguimos por em prática!

O vídeo:


Uns textos anteriores:
Vazio de Ideias
Alteração na embalagem do pneu

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