2016-06-01

O medo do vazio.

As pessoas têm medo do vazio, evitam-no a todo o custo. Em design o espaço em branco, também designado vazio ou negativo, é um espaço para respirar que permite dar destaque ao que realmente é importante, à mensagem a passar.


Ao contrário do que muita gente pensa, o design não é arte e não serve para ser contemplado, serve para ser usado, é o objetivo dele ser útil e funcional.
O ser esteticamente agradável é ser harmonioso, discreto, sóbrio e integrado na função do projeto. A estética é uma aparência física que varia em gosto consoante valores pessoais e culturais. Por isso se adicionam texturas, cores, imagens, entre outros elementos gráficos para facilitar a mensagem de acordo com as pessoas com quem queremos comunicar, mas estes elemento são elementos de atração e sedução do marketing, quando usados em excesso dificultam a transmissão da mensagem.

Quando um designer desenvolve um projeto ele está a trabalhar para comunicar alguma coisa a alguém. O início do seu trabalho passa por se inteirar e pesquisar sobre um estilo de vida para assim integrar o seu projeto de acordo com determinadas funções. Um projetos de design é criado com o objetivo de resolver uma necessidade, têm um objetivo claro e lógico para a sua execução. A celebre frase de Louis Sullivan, “a forma segue a função”, é o resumo de um dos princípios fundamentais do design. A estrutura de algo deve partir da função a que se destina. O projeto tem de funcionar e para isso tem de fazer chegar a mensagem ao público alvo. Para um projeto funcionar é preciso que o designer tenha uma perceção do todo, o projeto não é um elemento único, está enquadrado num determinado ambiente e como tal deve enquadrar-se nessa totalidade percebida. Um trabalho de design é o resultado da funcionalidade aliada ao dia a dia e não de um capricho pessoal ou de tradição histórica. É o público alvo que demonstra a eficácia do projeto. Os projetos de design devem ser simples, claros e objetivos no cumprimento da sua função e sempre com base no conhecimento do seu público alvo. Tal como dizia Walter Groupis o objetivo é a “simplicidade na multiplicidade”.

Em suma, um designer começa o trabalho no vazio, com uma folha branca, sem conteúdo, sem informação. Para poder desenvolver o seu trabalho o designer necessita de fazer pesquisas e de obter informações sobre o que utilizar como solução para o seu problema. O seu processo de trabalho baseia-se em muita pesquisa, teste de ideias e análise de testes, para chegar à solução final que cumpra o objetivo.

Os espaços vazios são importantíssimos no design, servem para fixar a atenção no conteúdo do projeto, são áreas sem elementos gráficos, sem conteúdo, é o espaço entre as linhas de texto, as margens e as molduras de fotografias por exemplo. Passam a sensação de leveza e deixam a experiência do usuário mais satisfatória, são as guias de leitura de um projeto, sem elas a leitura fica dificultada, direcionam o olhar do leitor para os conteúdos e a mensagem é transmitida eficazmente. Estes espaço podem ou não ser brancos mas não devem ter elementos que chamativos.

Damos muita atenção aos espaços preenchidos evitando ao máximo a existência de espaços vazios. Se vemos um trabalho com espaços vazios queremos sempre preenche-los com mais elementos, quando isso vai fazer com que um projeto não tenha ligação entre espaço positivos e negativos, sem existir o contraste visual essencial para a leitura fluente. O nosso cérebro precisa desse contraste, do diferente, e um design simples e discreto cria mais esse contraste que facilita a leitura fácil e eficiente, ao invés de um espaço saturado de informação.

Trabalhar com um design discreto é uma boa solução para controlar a mensagem a ser transmitida bem como a forma como o usuário interage com ela. A mensagem é o principal elemento do projeto e os elementos gráficos devem ajudar a destacá-la e não o contrário. Se a mensagem é clara então poucos elemento são suficientes para transmiti-la. Ao usar elementos gráficos que nada acrescentam à mensagem estamos apenas a enfeitar e a poluir visualmente o trabalho, fazendo até com que a mensagem seja mais difícil de passar. No meio de muito informação é difícil o usuário perceber o que lhe pretendem dizer, logo mais difícil vai ser se atingir objetivos de comunicação. Muitos elementos num projeto não indicam qualidade no trabalho. “Menos é mais“ já dizia Mies Van der Rohe.


Sun Tzu disse no seu livro a Arte da Guerra “com formas se fazem planos de batalha mas as pessoas não entendem isso. As pessoas conhecem as formas das vitórias mas não o modo como são conquistadas.” Quando alguém contrata um designer para desenvolver um determinado projeto já tem uma ideia do que quer, mas muitas vezes não tem noção do caminho para chegar à solução final, nem entendimento para perceber que a solução que idealizou pode não funcionar totalmente, para chegar onde pretende. É preciso conhecer a forma para projetar, é preciso conhecimento, estudo e técnica para acertar com o mínimo de erro e desperdício na solução que vai fazer chegar ao objetivo definido.


O design é uma ferramenta de comunicação, esta por sua vez é ferramentas de trabalho do marketing, que é uma das áreas da gestão. Com certeza já identificou que a gestão é um ponto fundamental no desenvolvimento do seu negócio. Então como descura o trabalho de design quando faz parte dessa cadeia de valor da sua empresa? Como vê é demasiado importante para desenvolver o seu negócio. Não deixe este trabalho ser feito em cima do joelho e por pessoas que não têm os conhecimentos necessários para o desenvolver de forma a cumprir os objetivos idealizados por si. Defina a sua estratégia de marketing e comunicação com um profissional e coloque-a em pratica igualmente com um profissional.

Envolvimento da gestão de topo

Vetor reunião do grupo de negócios
design by: freepik.com

Empresa perfeita?

Todos gostaríamos de estar envolvidos com empresas perfeitas. Acredito, no entanto, que a maioria das empresas ainda não chegou a esse patamar. Acredito, que as que consideraram ter chegado a esse patamar, já tenham fechado as portas.

As empresas são organizações em que os problemas estão presentes. Os da própria empresa e os dos clientes. As mais bem sucedidas, estão interessadas e são pró-ativas na resolução de problemas. Gostam de problemas, de novos problemas e investem recursos na sua resolução.

Um dos problemas mais vezes referenciado (direta ou indiretamente) nas auditorias ou em trabalhos de consultoria e formação, é o envolvimento da gestão de topo. A gestão de topo deve dar o exemplo e, como diria Ralph Emerson "as suas ações falam tão alto, que não consigo ouvir o que está a dizer"

Liderar pelo exemplo

É importante que os líderes das empresas, estejam posicionados ao nível da gestão de topo ou em qualquer nível hierárquico, transmitam  as mensagens que pretendem passar pelo exemplo. Pelas palavras também é importante, mas o exemplo é determinante. Tenho tido vários casos em que a importância da qualidade foi claramente transmitida, sem ser necessário dizer nada. Ficam dois exemplos para ilustrar como pode ser simples passar a mensagem pretendida:

Numa Universidade conceituada, na formação no uebe.Q, software para gerir sistemas de gestão da qualidade, estiveram presentes na formação a Gestora da Qualidade, uma equipa de informáticos, a Responsável pelos Recursos Humanos e, a Administradora da Universidade. A presença dos vários elementos é fundamental para o conhecimento e implementação adequada do uebe.Q. A presença da Administradora é determinante na mensagem que passa sobre a qualidade na instituição. Apesar da sua enorme ocupação, esteve presente nos 3 dias de formação. Imagino que tenha obrigado a um esforço de agenda enorme. Estou convicto que esta presença foi muito positiva e esclarecedora para poder dissipar quaisquer dúvidas que pudessem subsistir sobre a importância da qualidade.

A Atena é uma empresa de automação industrial que trabalha muito para o setor automóvel. Há uns dias, no âmbito de uma formação sobre a Norma ISO 9001:2015, fiquei espantado pela Administração da empresa estar em peso nesta formação. Três administradores!! Conhecendo a empresa, não deveria ter ficado admirado. Têm dado provas, ao longo do tempo, da sua dedicação, empenho e envolvimento nos diversos projetos que implementam, seja ao nível da produção ou outros relacionados com a estrutura organizacional ou de mudança. Afinal, é ou não de esperar que os líderes da empresa assumam e participem nos debates e nas decisões sobre a própria empresa? Que assumam as decisões tomadas? É o caso... Mais ainda, no processo de transição para a ISO 9001:2015, as sessões de trabalho são marcadas de acordo com a agenda do administrador que acompanha de forma mais próxima a qualidade e a produção.

A RedeRia, é uma empresa que atua na área das redes de telecomunicações, telemetria e controlo. Tive a sorte de trabalhar com a RedeRia na área da qualidade e na implementação do seu sistema de gestão da investigação, desenvolvimento e inovação. Contínuo a acompanhar a empresa na sua procura constante por uma elevada qualidade e na apresentação de produtos/projetos inovadores. Podem-se contar pelos dedos de uma mão as vezes em que pelo menos um dos administradores não tenha estado presente.

Liderar é simples?

Liderar não é simples e exige uma atenção constante a vários fatores. Um dos fatores mais relevantes, para não dizer "O Fator X", são as pessoas. Aproveitar oportunidades para debater, conhecer os pensamentos, passar mensagens com e para as pessoas da nossa organização pode eliminar barreiras entre lideres e seguidores. Até porque todos nós somos líderes e seguidores em determinados momentos e contextos. 

Com a abordagem que pudemos verificar  nos exemplos acima, seja perante projetos de grande impacte, seja perante projetos mais pequenos e que forma considerados importantes e, por isso, estão em implementação, podemos dizer com um grau de confiança elevado que o exemplo é a forma mais fácil de transmitir mensagens e de assegurar que a empresa está a ir na direção pretendida. Complementa resultados de curto prazo com mudanças de longo prazo, que promovem, incutem e consolidam a cultura organizacional que a liderança pretende.

Envolva-se! Lidere! Atinja os objetivos!
Seria um desperdício não aproveitar as pessoas que estão à sua volta!
Valorize-as que elas responderão à altura!