Alexandre Soares dos Santos em entrevista ao jornal Público,
retirada da Wikipedia
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Há uns tempos havia, com frequência, uns convidados ilustres que iam à Quinta das Lágrimas dar o seu testemunho, a sua opinião, a sua perspetiva sobre temas que, segundo me lembro, estavam muito relacionados com a economia ou com a política. Era organizado pelo clube MBA da Universidade de Coimbra e sei que o Eduardo Costa era um dos organizadores.
Encontrei uns apontamentos sobre esse evento. Pela atualidade da maioria dos seus pensamentos, vale a pena partilhar algumas notas soltas:
- Temos o hábito de culpar os outros e não assumimos as nossas responsabilidades.
- A sociedade civil e as elites devem ser agentes transformadores da nossa sociedade, para uma sociedade melhor. No entanto, a nossa sociedade civil e as nossas elites têm uma apatia e um conformismo imenso. Há imenso erros associados estes dois grupos.
- Em Portugal há um défice de elite. Devemos ser responsáveis e eles têm que controlar mais influenciar mais e transformar a sociedade.
- Existe uma grande promiscuidade entre política e negócios. Existe um individualismo enorme e uma falta de capacidade gritante para unir esforços.
- O que está a meio caminho entre o pequeno e o grande, está simplesmente destinado a fracassar.
- Aproxima-se o fim da relação entre empregado e patrão a formação dos colaboradores é extremamente importante para o sucesso de qualquer negócio, para o sucesso de qualquer projeto.
- Tem que haver mais intervenção e participação dos cidadãos portugueses.
- O Brasil é um local apetecível porque como nação não não existem aspectos separatistas, devido essencialmente a uma língua comum e uma religião comum o que faz com que todos se sintam como um só país.
- Jerónimo Martins não vai para Angola porque não vai para países onde há corrupção.
- Nós temos uma cultura de falta de exigência; temos uma cultura de baixa auto-estima; temos que ganhar confiança; temos que ser implacáveis com a inveja e com a complacência.
- A estratégia tem que passar sempre por querer ser o primeiro, o segundo ou o terceiro. Só estes é que ganham dinheiro... Para baixo o melhor é ir embora.
- Deve-se valorizar a importância da intergeracionalidade na consolidação da cultura da empresa. É muito bom para a cultura de qualquer empresa ter gerações diferentes a trabalhar cooperativamente, com uma missão comum e para um objetivo comum.
- A opção da Jerónimo Martins é estar apenas em países cristãos. São precisos muitos anos para perceber as diferenças culturais com os países não cristãos.
- Mais do que o desemprego, o absentismo é dramático.
- É de enorme importância a capacidade de ver a empresa daqui a 10 anos. Isto implica visão estratégia e tática. É importante a existência de associações fortes... O associativismo tem que ser cultivado em Portugal, nomeadamente o associativismo empresarial.
- Existe um mal-estar generalizado contra a iniciativa privada. No entanto 98% do PIB mundial é criado por empresas privadas.
- Não nos devemos esquecer que existe uma grande necessidade de cruzar culturas. Por exemplo, no nosso caso, a cultura portuguesa com a polaca, ou com a colombiana.