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Qual é o retrato da formação antes
do Covid-19, durante o Covid-19, e qual se espera que seja depois do Covid-19?
A formação à distância é uma realidade? O que será da formação presencial? Vai
acabar? Qual o contributo da pandemia para as mudanças no mundo da formação?
Quais as dificuldades relacionadas com a formação à distância? E as vantagens?
O que dizer do futuro da formação?
Formação - expetativa e realidade
Quanta formação faz à
distância? E presencial? Se estas questões fossem feitas a 31 de dezembro de
2019, a maioria das pessoas afirmaria que
a formação que fez até à data, foi
essencialmente presencial. Haveria uma minoria que diria que já teve algumas
experiências de formação à distância (FAD) e um número ainda menor de pessoas que
diriam que só fazem formação à distância.
E em 31 de Maio de 2020? Qual será
a resposta?
A formação à distância (FAD) na era AC (Antes do COVID)
A DAF já tem um
percurso longo. Desde há muitos anos que existem cursos à distância, com a
entrega de manuais e outros materiais didáticos, e um nicho muito específico de
pessoas faziam regularmente essas formações. Na década de 80, tinha um amigo que
fazia vários cursos de eletrónica à distância. Ele era, aos nossos olhos de
adolescentes, um génio. Foram os primeiros contactos que tive com algum tipo de
formação, de forma consciente.
Nos últimos anos, a formação via
digital tem vindo a fazer um caminho lento de afirmação. A oferta é maior, as
entidades a trabalhar esta área aumentaram, as instituições de ensino superior
começaram a ter oferta variada nesta área, as pessoas vão experimentando esta
modalidade e muitas reconhecem vantagens, tornando-se utilizadores deste tipo
de oferta.
Pela minha experiência, há algumas
empresas abertas a este tipo de formação, mas a grande maioria, quando
confrontados com a possibilidade de formação presencial ou FAD, escolhe a modalidade presencial. A formação que dei à distância,
teve os custos como forte motivador. Os casos específicos foram relativos a uma
empresa em Cabo Verde, e uma empresa no norte do país. Este último caso
referia-se a uma reciclagem de uma formação que já tinha dado presencialmente
há uns tempos atrás. O valor das deslocações e outras despesas associadas foram
o fator decisivo para a decisão. Também já tinha dado alguns webinares, mas
situações pontuais e espaçadas no tempo.
Também como formando não foram
muitas as experiências. A mais significativa foi em 2009, aquando da renovação
do CAP de formador (nessa altura ainda se tinha que renovar o CAP) e foi uma
formação interessante, pois consegui estar de férias no Algarve e, ao mesmo
tempo, cumprir com algo relevante para a minha atividade profissional. Na
altura a renovação do CAP incidiu sobre o tema “formação à distância” e deu-me
uma compreensão aprofundada da realidade à data, das perspetivas de futuro e de
algumas ferramentas/plataformas que eram usadas. Fiquei com uma ideia muito
positiva da formação, apesar das dificuldades associadas ao acesso à internet
que ainda havia na altura. Na prática, apesar do fascínio e da vontade com que
fiquei de trabalhar com formação à distância, até final de 2019, foram poucas
as experiências significativas quer como formando, quer como formador.
Há algumas questões que fazem com
que a formação à distância fosse vista com alguma desconfiança, nomeadamente a
falta de interação entre formandos e formador, a responsabilização do formando
na condução da sua formação, algumas dificuldades em aceder à internet ou usar
as ferramentas previstas e a quantidade de informação que se disponibiliza para
a formação, muitas vezes roçando a “infobesidade”.
Esta foi a era da formação AC,
ou seja, Antes do Covid.
A formação à distância (FAD) durante a pandemia
A atual pandemia resultante do Corona
Vírus, veio acelerar o avanço tecnológico. A escola em casa, o teletrabalho
e a procura de manter os trabalhadores ocupados, a partilha de momentos com a
família, os encontros entre amigos, as reuniões de trabalho, e muitas outras
situações, fez com que a utilização do digital disparasse. As empresas
tecnológicas ofereceram soluções rápidas, em termos de funcionalidade e de
capacidade que não deveriam ter previsto para os tempos mais próximos. Os
utilizadores tiveram que se atualizar e o digital passou a fazer parte da sua
vida de uma forma intensa. As atualizações de hardware por parte de estudantes, de profissionais e de empresas foi uma realidade. De repente, todos estamos mais capazes,
mais preparados, e com um número de experiências digitais que não eram previsíveis no
início de 2020.
A formação à distância (FAD) no período DC (Depois do COVID)
E a era da
formação DC (Depois do COVID)?
Com todo o
contexto resultante da pandemia, a FAD tornou-se uma realidade. Uma
realidade que está para ficar. As pessoas, a tecnologia e a confiança neste
tipo de formação aumentou. Significativamente. Fomos obrigados a trilhar um
caminho independentemente da nossa vontade. E a FAD faz parte deste caminho.
No entanto,
ainda está e curso um processo importante: a preparação dos formadores para
proporcionar FAD. A FAD é muito diferente da formação presencial. Não se pode transpor de forma simplória uma formação presencial numa FAD, com a diferença do meio de comunicação, uma plataforma. Esta passagem simplória, segundo muitos
especialistas da formação e professores que têm aprofundado o tema, é o caminho
mais rápido para falhar. A FAD tem características diferentes
da formação presencial. É fundamental perceber bem essas diferenças e preparar
formações bem diferenciadas para a formação presencial e a FAD.
Tenho tido formação sobre o tema, que complementa e atualiza os meus
conhecimentos anteriores e tenho seguido com grande atenção duas instituições:
a Porto Editora, através dos webinars da Escola Virtual, plataforma dedicada ao
ensino, e o portal Forma-te, portal com pergaminhos e provas dadas no mundo da
formação. Entretanto, já tive a honra de ser convidado para dois webinars, um
relacionado com o desenvolvimento pessoal e outro relacionado com a liderança e
a estratégia de empresas. Foram desafiantes e aprendi bastante com estes
desafios. Também já dei algumas formações à distância e a experiência tem sido
gratificante. Uma nota: é importante que a formação à distância esteja planeada
com rigor, pois o sucesso desta formação depende, em grande parte, deste rigor, do saber em que momento é que vai acontecer
alguma sessão síncrona, ou que se pode consultar material complementar. Para ultrapassar a falta de interação direta entre pessoas, tão importante no
relacionamento e desenvolvimento das pessoas, é fundamental um planeamento rigoroso, ao nível de prazos, conteúdos e momentos de interação não presencial.
Benefícios da formação à distância (FAD)
A FAD vai estar cada vez mais presente na nossa vida. Estes meses
corresponderam a um salto de anos na presença desta modalidade de formação, na
vida das pessoas e das organizações. Há um conjunto grande de vantagens
associados a esta modalidade: o ritmo do formando é imposto pelo próprio; os
conteúdos estão disponíveis por longos períodos de tempo; a formação pode ser
obtido em qualquer lugar, a qualquer hora; reduz custos; evita deslocações a
horas previamente determinadas; pode chegar a um maior número de formandos;
aumenta o papel do formando no processo de aprendizagem, tornando-o o grande
responsável pelos conhecimentos obtidos; desenvolve competências paralelas
(capacidade de comunicar à distância, competências de organização de
aprendizagem, utilização de tecnologias,…).
Formação - expetativa e realidade
Desta forma, sabendo que a realidade
em 2020 é muito diferente das expetativas do início do ano, podemos dizer que a
FAD é uma realidade que está presente e vai continuar.
A formação presencial não vai
desaparecer; aliás, a utilização de modelos complementares que ofereçam, de
forma otimizada, FAD e formação presencial, pode alavancar em
muito os resultados da formação.
A atitude de pessoas e empresas face
à formação mudou. Atualmente, a recetividade e aceitação da FAD é muito maior do que a que existia no início de 2020.
Para concluir, podemos dizer que, se
Darwin se estivesse a referir às organizações, continuaria com toda a razão, ao dizer:
Não é o mais forte
que sobrevive, nem o mais inteligente. Quem sobrevive é o mais disposto à
mudança!
Charles
Darwin - Biólogo
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