Uma das coisas que me dá, atualmente muita satisfação, é ensinar criatividade orientada para a inovação e diferenciação. Normalmente, sinto a facilidade de ser animador de sessões, em que
"os outros" é que têm o dever de, com a devida orientação, chegar a soluções.
Recentemente, fiz parte de um grupo que pretendia desenvolver um novo serviço. Desta vez, eu também era
"os outros". Começamos o nosso trabalho e definimos algumas etapas. A criatividade foi estando presente. Debate atrás de debate, argumento a argumento, tijolo a tijolo, fomos construindo, paulatinamente, a solução com consensos que agradavam todo o grupo. Uma cedência aqui, outra ali, mas íamos na direção certa e sem melindres.
Chegámos a um resultado que nos deixou orgulhosos. Doentiamente orgulhosos. Insanamente orgulhosos. Estávamos convencidos que o sucesso do serviço estava garantido.
Fomos apresentar a um conjunto de empresas próximas (geograficamente e não só) o nosso serviço. Eu estava convencido que mudanças, apareceriam, mas apenas de pormenor. Detalhes. Fazer o pré-teste à nossa solução brilhante e infalível foi o melhor que fizemos.Levámos tanta pancadaria num tão curto espaço de tempo, que ainda me doem certos neurónios, localizados principalmente no hemisfério direito.
É caso para abençoar tal dedicação da nossa parte e tal feedback das empresas. Errámos depressa e em grande. Deu-nos tempo para corrigir atempadamente. Criar é duro. É uma realidade.
No entanto, a dor do momento fez com que as escadas para a sala fossem subidas em modo taciturno, porque todos conhecíamos as teorias do
"errar é aprendizagem", e dos ensinamentos do Einstein, quando dizia que
"quem nunca errou, nunca experimentou nada de novo". É tão bonito e tão fácil quando orientamos "
os outros". O certo é que no momento, e quando se trata do nosso trabalho, tem impacto. Custa. Engolimos em seco. A diferença está sempre no tempo que demora a chegar a motivação e a capacidade de nos empenharmos a criar, recriar ou voltar a recriar. Demorou pouco tempo. A vontade bateu de novo à porta de vidro e, já está marcada nova sessão para continuar a criação deste novo serviço. Trabalho criativo implica ter arcaboiço para o feedback e seguir em frente.
Como digo aos elementos dos grupos de trabalho,
"fazer e desfazer, tudo é aprender". É sempre mais fácil dizer
"aos outros", do que aceitar quando se trata do nosso trabalho.
Faz-me sempre lembrar os médicos que dizem para não fumar, enquanto tamborilam na mesa à espera do fim da consulta para ir dar uma passa!
É para saber que todos passamos por processos idênticos. Segundo Mary Lou Cook,
"criatividade é inventar, experimentar, crescer, correr riscos, quebrar regras, cometer erros e divertir-se.".
Tenho procurado pensar como ela. Tenho procurado aceitar o erro, porque o erro, quando nasce, é para todos.
Acredito que já o consiga em mais de 75% das vezes que estou a criar!
É fascinante aplicar no terreno o que andamos a apregoar na rua.
É fascinante passar pelas mesmas dificuldades.
É mais fácil perceber as reações.
Ao trabalho!
Toca a criar!
A experimentar!
A errar!
A aprender e a refazer!
Reconstruir!
Até à solução que dificilmente será a final!