Independentemente de fações que se avolumam
à volta das teorias de recuperar ou deixar estar como está, esta situação
conduz a uma reflexão sobre o que se quer para as nossas organizações. Por um
lado, promover a criatividade e a iniciativa de cada colaborador, como elemento
fundamental para o sucesso. Por outro lado, encontrar métodos para o controlo
de danos provenientes de experimentação e empreendedorismo na organização.
Há várias formas de prevenir danos, contudo
algumas delas podem ser contraproducentes para a promoção da criatividade e
iniciativa pretendidas pela maioria das organizações. Uma das formas mais
eficazes é, sem dúvida, a existência de competências na organização. É
fundamental que, independentemente das atividades a realizar de conceção,
planeamento, execução, ou monitorização, as pessoas estejam preparadas para
atuar a qualquer momento, e com o maior número de competências possíveis para a
realização das mesmas.
Assim, é importante para as empresas analisarem
as suas necessidades ao nível de competências e identificar quais as existentes
e quais as lacunas e planear a forma de suprir as lacunas e aumentar as competências
individuais e organizacionais, havendo situações de risco assumido, mas controlado,
o que não aconteceu com o restauro de Ecce
Homo, realizado pela diligente e voluntariosa D.ª Elias, a quem faltavam
competências para a execução da tarefa.
A gestão de competências é um ponto fulcral
nas empresas pois, tal como a senhora destruiu a obra de arte, uma atividade
mal executada pode pôr em causa o bom nome da empresa. A confiança com as
várias partes interessadas demora bastante tempo a construir, mas é rápida a
sua deterioração. Pode não ser possível a intervenção de equipas de restauro
para a recuperação da confiança, tal como neste caso ainda não há certezas
quanto à recuperação da obra.
Nesse sentido, é muito importante que as
empresas tenham as competências necessárias. Também na Inovação, as competências
e o conhecimento são fundamentais. Não é raro encontrar curiosos em determinadas
áreas a tentar inovar. Por vezes, conseguem, mas o esforço é muito maior para
obter os mesmos resultados. Mesmo em inovações que aconteceram por acaso, os
seus criadores detêm uma base de conhecimentos forte, o que lhes permite encontrar
novas aplicações para resultados que não deram certo. Já todos ouvimos falar
dos post-it, do viagra, da consequência da maçã de Newton ou da penicilina. Há
muita competência, atenção e preparação para ter a sorte de encontrar algo
inovador. Inovar sem competências, seria comparável à correta recuperação da
obra pela D.ª Elias. Uma sorte bestial, ao nível do milagre de ganhar o
EuroMilhões sem jogar.
Considero que vivemos num país com um bom
clima e com pessoas engenhosas. No entanto, é importante conhecer as competências
que cada um de nós possui e quais as que deve possuir.
Podemos retirar uma lição do caso “Ecce Homo”:
Não basta a genialidade, a diligência e o voluntarismo.
É essencial que, para a função pretendida, se acrescente a técnica e a competência.
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